Objetivos da Logosofia
Alguns objetivos centrais da Logosofia
são: a evolução consciente do homem mediante a organização de seus sistemas
mental, sensível e instintivo; o conhecimento de si mesmo, que implica o
domínio pleno dos elementos que constituem o segredo da existência de cada um;
o conhecimento do mundo mental, transcendente ou metafísico, onde têm origem
todas as ideias e pensamentos que fecundam a vida humana; o desenvolvimento e o
domínio profundos das funções de estudar, de aprender, de ensinar, de pensar e
de realizar.
Não se trata de investigar a psicologia
dos demais, é a psicologia de si mesmo o assunto de estudo e é com miras a
realizar esse estudo sem equívocos nem omissões que a Logosofia expressa que
seu método orienta para as partes mais essenciais desse conhecimento.
Afirma que o próprio aperfeiçoamento
que conduz ao conhecimento de si mesmo não teria maior andamento se não se
achasse assistido pela ideia de ajudar ao semelhante, de quem cada um necessita
ao longo de seu processo de evolução consciente para realizar suas observações
e realizar cotejos e confrontações de suma utilidade nos reajustes internos
individuais.
Logosofia e Educação
A Pedagogia Logosófica é o sistema
pedagógico que se baseia nos ensinamentos da Logosofia. É ênfase da Pedagogia
Logosófica desenvolver no aluno o interesse pelo conhecimento (em todas as suas
formas), além da percepção do quão proveitoso é para a própria vida conhecer a
si mesmo.
A Logosofia propõe que todo processo de
renovação da educação comece necessariamente por um processo de
autoconhecimento e renovação do próprio docente, haja vista que "querer
renovar sem haver renovado a si mesmo é como querer dar o que não se
possui".
Por isto, é necessário ao educador que
se preste a empregar a Pedagogia Logosófica que busque superar-se, constituindo
também um exemplo aos seus alunos do que ensina e recomenda-se que ele esteja
realizando o processo de evolução consciente preconizado pela Logosofia. É
também princípio da Pedagogia Logosófica a vinculação sensível entre docente e
discente, pelo cultivo do afeto, princípio fixador das relações humanas. No
ambiente de ensino em que se emprega tal modalidade de ensino, é essencial que
se preze por cultivar qualidades morais e éticas como o respeito, alegria,
disciplina, tolerância, ajuda sincera, liberdade e estímulo ao saber, ao anelo
de ser melhor e à prática constante do bem. Uma das coisas as quais se dedica o
educador ao seguir essa pedagogia é no favorecimento das manifestações
tutelares do espírito da criança e do adolescente e o acercamento de estímulos
naturais e positivos, indispensáveis à formação do caráter.
Também é essencial que haja ação
conjunta e integrada entre o lar e a escola, como instituições educacionais
básicas.
Em sua tese de doutorado intitulada
"Educar o indivíduo é promover seu processo de evolução consciente",
o Dr. Elie Cohen Gewerc, baseando-se na pedagogia logosófica, propõe um enfoque
pedagógico radicalmente novo em relação ao modelo atual: a evolução consciente.
Diz que "A tendência habitual é projetar o ser para fora de si, para que
se instale no mundo ambiente". Com a nova pedagogia logosófica, "o
primordial é levá-los a investigar e conhecer seu próprio mundo interno".
Posição em relação às crenças
Desde o ponto de vista logosófico, a
crença foi uma das causas que mais entorpeceu o desenvolvimento moral e
espiritual do ser humano, ao produzir certo grau de inibição mental que
dificulta e ainda chega a anular a função de razoar, afirmando que assim é como
o homem fica exposto ao engano e má fé daqueles que tiram partido dessa situação,
chegando a admitir até as coisas mais inverossímeis.
Utilizando o neologismo -psiqueálise-,
a Logosofia assinala que é na mente das crianças onde é produzida a paralização
de uma zona mental, produto da inculcação dogmática de ideias que altera a
faculdade de entender e discernir com liberdade em suas funções mais elevadas.
Daí que a Logosofia institua a necessidade da revisão de todo conceito velho ou
novo admitido sem reflexão e análise, incluindo os formulados por esta própria
doutrina filosófica, ainda quando suas afirmações pareçam inobjetáveis. É só mediante
a experimentação e revisão contínua do compreendido como se assegura um
processo de aprendizagem em evolução que, por sua vez, o irá liberando dos
ressaibos de toda fórmula dogmática.
Configuração
psicológica do ser humano segundo a Logosofia
A Logosofia afirma que o ser humano tem
uma configuração bio-psico-espiritual. Propõe que a face psicológica está
composta por um sistema mental, um sistema sensível e um sistema instintivo.
No sistema mental, descreve a
existência, por um lado, de uma série de faculdades como a de pensar, a razão,
o entendimento, a intuição, a observação, a imaginação, e outras entre as que
inclui as que denomina acessórias. Chama a inteligência de faculdade máxima ao
englobar a todas as demais. Existiriam, segundo a Logosofia, duas mentes, uma
primordialmente dedicada às atividades comuns e outra às transcendentes.
Por outro lado, afirma a existência de
uma região onde residem os chamados "pensamentos", que define como
entidades autônomas e independnetes da vontade individual, que nascem e cumprem
suas funções sob a influência de estados psíquicos e morais próprios ou
alheios. Alguns exemplos seriam propósitos, preconceitos ou crenças de origens
religiosa, ideológica ou qualquer outra; também considera pensamentos às
chamadas deficiências como a vaidade, a falta de vontade ou o egoísmo, e as que
denomina antideficiências, como a modéstia, a resolução, a equanimidade, etc.
Outros exemplos de pensamentos seriam a propaganda publicitária, as modas, os
hábitos, as tradições sociais, etc.
A Logosofia propõe classificar tais
pensamentos na própria mente para estudá-los e selecioná-los segundo estabelece
seu método; algumas destas classificações são: "próprios e alheios",
"dependentes e independentes da vontade", "bons e maus",
"úteis e inúteis", "dominantes e benignos",
"intermitentes e obsessivos", etc. Tal proposta de classificação
levaria à gradual reconquista da autoridade da consciência sobre a própria
mente.
Em relação ao sistema sensível, afirma
que tem uma zona com faculdades sensíveis como as de amar, sentir, perdoar,
compadecer, sofrer, agradecer e consentir. Segundo a Logosofia, estas
faculdades em conjunto formam a sensibilidade, que é a que sustentaria o
indivíduo em sua fase anímica. A outra zona, diz, corresponde aos sentimentos.
Alguns exemplos de sentimentos que expressa são o amor, o afeto, a gratidão,
etc. Afirma que os sentimentos se perpetuam pelo estímulo incessante da causa
que lhes deu origem.
O sistema instintivo contaria com as
energias que o ser humano teve que utilizar nas primeiras idades em sua defesa,
incitado pelas exigências da vida primitiva. Afirma que, passadas essas etapas,
em lugar de encaminhar essas energias instintivas e subordiná-las aos outros
dois sistemas, foi alterado o processo que -diz- deveu seguir, existindo ainda
no presente um predomínio do instinto sobre os outros dois sistemas que
descreve. Expressa que o ódio, a vingança, a cobiça, a luxúria, o ciúme, entre
outros, aparecem aguçando-se na regição instintiva desnaturalizada do ser
humano, explicitando que estes não seriam "maus sentimentos", como
por ocasiões são chamados, já que não poderia ser um sentimento o criado pelas
paixões inferiores do ser humano. Segundo a Logosofia, mediante a evolução
consciente que preconiza, o instinto pode ser liberado dos aspectos que o
inferiorizam.
Pedagogia e método logosófico
O método logosófico consiste de três
partes: a expositiva, a aplicada e a de aperfeiçoamento. As três partes se
encontram intimamente ligadas entre si e juntas concorrem à finalidae da
evolução consciente do indivíduo e sua exaltação ao máximo de conhecimento
humano na ordem transcendente.
Em sua parte expositiva, utiliza um
método didático não sistematizado. Tal técnica foi filosoficamente criticada,
assinalando-se que "Além de suas interessantes observações sobre a
tragédia do mundo contemporâneo e a polidez de seu estilo, o ordenamento que
usa parece-nos ainda em vias de cristalização", no entanto, a didática não
sistematizada é utilizada ex-professo segundo seu próprio autor, que afirma que
sua pedagogia é "psicodinâmica", de modo a estimular o leitor a
pensar. Assinalou-se que a didática logosófica neste sentido se assemelha ao
hipertexto, em que, por exemplo, um parágrafo de um livro explica um de outro
livro.
Esta técnica pedagógica que contém o
método logosófico também foi descrita como um "método espiral", que
consiste em realizar um estudo genérico inicial, voltando-se depois ao mesmo
tópico com maior profundidade e assim sucessivamente, de forma indeterminada.
No entanto, o autor assinala alguns temas a serem encarados em um primeiro
momento, como o sistema mental, a conformação da inteligência e suas
faculdades, os pensamentos, as deficiências caracterológicas típicas, o sistema
sensível e suas faculdades, os sentimentos, o processo de evolução consciente,
as leis universais, entre outros.
A parte aplicada do método expressa que
estudar Logosofia não significa somente ler livros, se não especialmente passar
à aplicação e corroboração na vida diária do que seu estudo sugere ao
estudante. O autor da Logosofia desaconselha crer no que se estuda, por mais certas
que pareçam suas próprias afirmações. O aspecto prático assinalado é
considerado de fundamental relevância para alcançar gradualmente porções reais
de saber, em contraposição à mera ilustração ou erudição, descartando esses
enfoques que a Logosofia afirma serem memóricos e inoperantes.
Víctor Valenzuela, explicando a parte
prática em seu livro "Hombres y temas de iberoamérica", editado em
Nova Iorque, assinala que as aptidões e tendências de cada estudante, ao serem
observadas por si mesmo, estimulam que dita prática se oriente selecionando os
tópicos mais afins com as características psicológicas próprias, pelo que se
ampliam as possibilidades de assimilação ao coincidir esses temas com
necessidades reais e às vezes imediatas do ser. Por esta razão, o método
logosófico de aplicação não é rígido nem mecânico, respeita o livre arbítrio e
contempla os diferentes graus de evolução, capacidade e as circunstâncias que
rodeiam cada psicologia.
A parte de aperfeiçoamento do método
logosófico consiste em que nunca um processo de mudanças internas fica
terminado ou saldado, sem que seja constantemente aperfeiçoado através da
didática em espiral da Logosofia.
Simultaneamente, o método logosófico
percreve como complemento ao estudo e prática individual, seu estudo e prática
no coletivo, assegurando que a confrontação de compreensões, investigações e
experiências permite verificar se sobre o tema em estudo foram vistos todos
seus aspectos, ou ao menos os mais acessíveis. Esta face coletiva do método e
pedagogia logosófica é realizada nas sedes culturais da Fundação Logosófica em
formas de núcleos de estudo de diversos tipos e especialidades.
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